Medida se baseia no escalonamento das atividades econômicas para reduzir a concentração nos horários de pico
A Urbana-PE elaborou um modelo para gestão de demanda de viagens no contexto da pandemia de Covid-19. O trabalho prevê a criação de um comitê gestor com representantes do poder público e de diversos setores produtivos e propõe que o escalonamento das atividades econômicas seja norteado pela capacidade de adequação da oferta do serviço de transporte público, observando as medidas de distanciamento social sugeridas pelas autoridades sanitárias.
O transporte público por ônibus há anos tem sido impactado por um modelo inadequado de custeio, que sobrecarrega os passageiros pagantes e limita a capacidade de investimento do setor. Com a pandemia de Covid-19, as dificuldades já existentes foram agravadas. O desequilíbrio econômico-financeiro do setor aponta para um cenário alarmante em todo o país, com riscos de descontinuidade do serviço em diversas cidades. Novos desafios também surgiram, como a necessidade de oferecer um serviço com características distintas daquelas para as quais foi planejado.
Tendo em vista a urgência de adaptação do serviço face à retomada das atividades, a Urbana-PE desenvolveu com o apoio da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) um modelo de suporte à tomada de decisões sobre a distribuição dos horários das atividades econômicas. A análise toma como base a curva de demanda pelo serviço, que apresenta fortes concentrações nos horários de pico (ver anexo).
Antes da pandemia, cerca de 46% da demanda se concentrava nos horários de pico (das 05h às 08h e das 16h às 19h). Após a retomada de algumas atividades, mesmo com redução da demanda total de quase 60%, a concentração nos horários de pico aumentou para 49%. A partir do escalonamento dos horários das atividades econômicas é possível distribuir melhor os deslocamentos da população ao longo do dia. A gestão da demanda em função da oferta é uma estratégia para reduzir o nível de ocupação dos veículos nos horários de pico e otimizar a operação da frota, o que pode continuar beneficiando o transporte público e as nossas cidades mesmo após a pandemia. A opção mostra-se adequada ao momento por oferecer alternativas para adaptação do serviço de transporte público por ônibus sem esbarrar nas limitações do modelo de custeio adotado na Região Metropolitana do Recife.